Boletim Semanal

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Educação pública é uma realidade distante

Por Elisa Limbeck


Desde o ensino fundamental estudei em escola pública. Iniciei os estudos no último ano do Regime Militar. Lembro-me que eram épocas difíceis, mas meus pais não conversavam comigo sobre o assunto. Meu pai, por medo. Minha mãe, pela pouca oportunidade de estudo que teve. Assim, consegui ter uma boa base educacional pelo Estado. Pelo menos era a minha opinião.

Terminei o antigo colegial, crente que passaria facilmente numa universidade pública. Doce ilusão. Comecei a perceber que o ensino público, o básico principalmente, não prepara o estudante para enfrentar, sem muitas dificuldades, um vestibular de peso como o da USP.

Compreendi que o ensino básico público, prepara o aluno para que não cresça ignorante, ou melhor, analfabeto. Afinal, é de extremo interesse do governo ter um índice baixo de analfabetismo no país e em seu governo.

Enfim, prossegui meus estudos a nível de graduação, após oito anos de ter completado o antigo colegial. Não porque eu quis ficar parada, mas como não consegui passar num vestibular público, tive que esperar ter uma condição financeira melhor para arcar com os estudos.

Nesse contexto, vi que sou uma formiguinha nesse país chamado BRASIL. O mais engraçado é que os meios de comunicação que detêm o poder de manipular seus telespectadores, não os fazem para um bem comum. Por que só falam em educação no início e no meio do ano, na época de vestibular?

Mas, quando há um escândalo sobre desvio de recursos, ou divisões de cotas ou invasão de alunos e professores às escolas reivindicando seus direitos, eles estão lá. A mídia adora polêmicas e ver o circo pegar fogo. Dá audiência.

É um assunto alarmante, na qual, os jornalistas, eu como estudante de jornalismo e todos os futuros profissionais da área, devemos denunciar. Alertar a população e cobrar mais de nossos governantes. Fazer o papel social e exigir o que é nosso de direito.

O problema é que a mídia pensa ou deduz que eu e os demais cidadãos que pagam faculdade, temos condições financeiras o suficiente para manter as mensalidades altíssimas que se cobram por um diploma. Estão enganados. Faço de tudo para pagar a faculdade em dia, porque ninguém merece juros tão altos. Com isso, tenho menos recursos para ir ao cinema, teatro, concerto e comprar livros. Sou limitada à cultura.

Como queria que tudo fosse diferente. Estudar em uma universidade pública não é um sonho, mas também não é uma realidade. Pago tantos impostos e não tenho direito ao mínimo que um país deveria conceder aos seus cidadãos, EDUCAÇÃO.