Boletim Semanal

segunda-feira, 14 de maio de 2007

A dura restrição do jornalismo econômico no Brasil

Com um linguajar retraído e assuntos focados para a classe alta, o jornalismo econômico deixa de prestar um trabalho social

Por Elisa Limbeck

Atualmente, o jornalismo econômico passa por um relevante crescimento em decorrência das várias mudanças nas bases econômicas do país, como a democracia: maior independência e com um grande grau de concorrência.

Com uma linguagem particular, o economês, considerado uma codificação intencional, só serve para restringir ainda mais o jornalismo econômico a maioria da população. Por esse motivo é dirigido a uma classe elitista, isto é, àqueles que têm o poder (empresários e seus representantes).

Além dessa editoria, os jornais de grande circulação assumem também o jornalismo de serviço. Informam dicas diárias de como o leitor pode investir seu dinheiro. Uma abordagem um tanto quanto arriscada, pois nossa população é da classe média à baixa, fruto da má-distribuição de renda no país.

Pura hipocrisia. Como um cidadão que ganha uma renda formal ou informal de no máximo três salários mínimos para sustentar sua família, educar seus filhos e tentar ter uma boa condição de vida, pode ter condições de fazer aplicações ou investimentos.

Raramente conseguimos encontrar nesses veículos matérias relacionadas a condições de vida de nossa população. Tema esse que não tem forças para alcançar uma capa de um diário.

Décadas atrás tínhamos uma economia fechada, impulsionada pelo regime militar, totalmente autoritário. Mesmo sendo uma linha dura, na qual publicava o que o governo queria, havia críticas sobre o assunto.

Hoje, atua num sistema capitalista, concentrado na iniciativa privada (empresas particulares) e na relação com o setor público (governos, empresas estatais e órgãos públicos).

Com o início da globalização na década de 90, mudanças rápidas, competições no mercado e modernidade fizeram o jornalismo econômico perder um pouco da sua credibilidade. Outros valores começaram a se impor na economia, a exemplo da busca pela inovação tecnológica. Naquela época, muitas empresas nacionais quebraram e o índice de desemprego aumentou.

Já em 2000, foi grande a cobertura dos diários sobre a competição das grandes fábricas de veículos no país. Por outro lado, esqueceram de dizer que algumas delas fecharam suas filiais na capital de São Paulo, o maior pólo da economia no país, sendo alocadas no interior do estado ou no Nordeste, fazendo com que muitos brasileiros perdessem seu emprego.

A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante um ano – e as oscilações nas bolsas de valores são temas de real interesse para essa população?

Essa gama de notícias empresariais no meio do jornalismo econômico afasta o que devemos considerar o ideal, promover o bem estar social.

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