Boletim Semanal

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Do Bronx para os muros



O Grafite é uma arte que muitas vezes transmite o que o povo
não tem coragem de falar.






Hoje os muros da cidade estão cada vez mais desenhados ou com frases fortes que parecem um pedido de atenção. Assim é o grafite. Uma arte que surgiu na década de 60, criada pela população negra do Bronx, em Nova York, como protesto social e uma forma de comunicação entre os grupos.

O grafite é também um dos elementos que compõem o movimento Hip Hop, juntamente com o DJ, o MC e o Break, porém muitas pessoas o vêem como uma arte marginalizada, apesar dessa realidade estar mudando.

O grafiteiro, Bruno Abbud, 21 anos, pintou quadros por quatro anos, mas nunca participou de nenhuma mostra de arte. Foi aí que nasceu seu interesse pelo grafite. “Resolvi expor na rua, porque não há nada como o grafite. É uma arte que mesmo sofrendo os efeitos da natureza, como a chuva e o sol, continua colorindo a cidade cinza de São Paulo”, relata.

O grafite é uma galeria a céu aberto, onde qualquer pessoa pode apreciar a arte sem custo algum, apesar de existirem algumas galerias pagas que expõem o grafite como arte e igualando-o a esculturas e pinturas elitizadas. Dessa forma, pessoas trocam os quadros pelos desenhos grafitados nas paredes de suas casas.

Esse tipo de expressão, de comunicação visual, deveria ser mais valorizada, pois está ligada diretamente com a realidade da maior parte da população. Uma arte de gente simples, tão bonita e relevante para a nossa cultura, deveria sim, ter mais espaço.

É como uma forma de socialização que pode transitar em qualquer meio. Toda pessoa que quiser, pode se arriscar em fazer um grafite e deixar qualquer ambiente mais colorido, com uma mensagem social e uma esperança de transformação.

Quem ainda tem preconceitos em relação a esta arte alternativa, tão carregada de ideologias, não sabe a mudança que ela pode causar. Um lugar sem cor e sem vida pode tornar-se uma vitrine de sentimentos, desejos e pensamentos. É preencher os espaços antes vazios de uma sobrevivência muitas vezes medíocre, na qual os que estão na periferia são obrigados a enfrentar. E essa é a maneira que seu grito explode, grafite !

Texto: Ana Paula Sarilio e Elisa Limbeck

Foto: Arquivo pessoal – Bruno Abbud



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